Até o dia 19 de maio, a cidade de Cannes, na França, estará vivendo e respirando o cinema. O 71 Festival de Cannes acontece sob vestes de renovação, resgate histórico e desperta expectativas para a premiação final. Pela primeira vez em sua história, o júri, presidido por Cate Blanchett, é composto majoritariamente por mulheres. Ainda conta-se com o retorno do dinamarquês Lars von Trier, penalizado pelo festival após declarações polêmicas em 2011; a presença representativa de Jean-Luc Godard, no marco de meio século do histórico Maio de 68e o Quênia participando pela primeira vez do evento.

Há também muitas novidades brasileiras no 71 Festival de Cannes que, apesar de não estar na competitiva principal, participa com seis produções nas mostras paralelas. Na Un Certain Regard (Um Certo Olhar), dedicada a cineastas pouco conhecidos com propostas inovadoras, os cineastas João Salaviza e Renée Nader Messora foram selecionados com Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, coprodução Brasil-Portugal.

Na Semana da Crítica, que reúne diretores estreantes, estão Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, que assinam conjuntamente a direção de Diamantino, que aborda a decadência de um jogador de futebol e toca em temas atuais, como a ascensão do fascismo e a crise dos refugiados. O filme é uma coprodução entre Brasil, Portugal e França. Em 2017, Kleber Mendonça Filho (Aquarius) presidiu a Semana da Crítica, sendo sucedido este ano pelo dinamarquês Joachim Trier (Thelma). 

As cineastas brasileiras em Cannes

Além da brasileira Renée Nader Messora, que assina a direção com o português João Salaviza, duas cineastas mulheres representam o Brasil na Quinzena dos Realizadores, seção independente e sem competição de Cannes que completa 50 anos. Beatriz Seigner, que dirigiu a comédia Bollywood Dream – O Sonho Bollywoodiano (2010), apresenta o drama Los Silencios, coprodução com a França e a Colômbia. O filme se passa na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru e como cenário os conflitos armados na região.

Carolina Markovicz representa o Brasil na mostra na categoria de curtas-metragens. Na Quinzena, ela exibe O Órfão, inspirado em um caso real de um garoto que foi adotado e devolvido algumas vezes. Carolina codirigiu o curta-metragem documental 69 – Praça da Luz, vencedor do Festival do Rio de 2008.

Exibições especiais

Uma clássica coprodução Brasil-Holanda está na programação da mostra Cannes Classics. A Faca e o Rio (1971), do cineasta francês George Sluizer, é uma adaptação do livro homônimo de Odylo Costa Filho. O filme, que narra a história do nordestino João da Grécia, foi escolhido como representante brasileiro ao Oscar de 1974, não chegando a ser indicado.

Cacá Diegues faz um retorno especial ao evento com o aguardado O Grande Circo Místico, coproduzido por Brasil-França-Portugal e rodado em 2015. O cineasta participou da competição oficial de Cannes com Um Trem Para as Estrelas, em 1987; Bye Bye, Brasil, em 1980 e Quilombo, em 1984, todos em competição oficial. Desta vez, sua produção será exibida dentro da Sessão Especial. Aproveitando a ocasião, Cacá receberá uma homenagem, como anunciado por Thierry Frémaux, delegado geral do festival.