O primeiro episódio de Nada Será Como Antes, nova minisérie exibida pela TV Globo, já estreou com grandes expectativas. A trama, assinada por Guel Arraes, Jorge Furtado e João Falcão, é baseada em fatos reais e conta a história do surgimento da primeira emissora de TV no Brasil. Esse fato histórico até hoje não havia sido contado pela teledramaturgia brasileira.

Furtado, Guel e Falcão (um dos roteiristas de O Auto da Compadecida) trouxeram suas marcas. O espectador é retirado da zona de conforto e se depara com algo diferente do que está acostumado a ver em seriados de comédia. No primeiro episódio, os diálogos bem elaborados (marca registrada dos roteiristas) deixam nítido o potencial que tem em atingir diversos tipos de públicos, inclusive dos mais exigentes.

Nada Será Como Antes vem com a proposta de contar histórias de maneira despretensiosa e sem pudor. O objetivo não é notar que o personagem está fumando ou decifrar o que está bebendo. Os elementos surgem como detalhes para enriquecer visualmente as cenas e movimentos dos corpos dos personagens, sem maiores pretensões didáticas. A direção é feita por José Luiz Villamarim, diretor artístico de Justiça.

Murilo Benício e Débora Falabella interpretam o casal protagonista Saulo Ribeiro e Verônica Maia. Murilo mostra sua habilidade frente às câmeras com uma atuação com gestos expressivos, enquanto Débora dá vida a uma personagem que pede por intensidade. Bruna Marquezine, que vive a dançarina e cantora Beatriz na minisérie, mostra-se adulta, segura e sedutora.

A curtos passos, a TV Globo encoraja a televisão aberta brasileira a inovar sua narrativa em produções audiovisuais. Nada Será Como Antes segue esta tentativa de transformar e diversificar, apresentando um produto mais ousado e linguagem mais culta. A resposta do público pode contribuir para construção de um novo rumo para a TV aberta no Brasil.

* Texto de Leandro Fazolli, amante do cinema nacional, roteirista iniciante, recém-formado em Roteiro de TV pela Academia Internacional de Cinema de São Paulo.