Lembram daquela canção do Djavan que diz “um dia frio um bom lugar pra ler um livro”? Pois é, ele cantou lindas coisas nessa música, no entanto, esqueceu-se de dizer que um dia frio é melhor ainda para ficar no escurinho do quarto entre as cobertas e assistir a um bom filme.

A chuva forte caia lá fora e, de uma imensa lista, aquela película foi a selecionada. A ideia inicial daquela vez era apenas distração, porém, acabou sendo além disso. Depois de apertar o play, um som direto e estridente adentra um mundo simples e tão real que é o universo de Sophia, curta-metragem dirigido pelo cineasta paraibano Kennel Rógis. O filme retrata a história de uma mãe (Joana Marques), Joana, que, na busca por entender melhor o universo de sua filha Sophia (Isabelly Domingos), passa por experiências sensoriais, descobrindo o encanto de coisas muitas vezes despercebidas.

Still Filme Sophia, de Kennel Rógis, foto Breno César
Cena de Sophia, de Kennel Rógis. Foto: Breno César

Em narrativa linear, Sophia nos leva a um mundo distinto do convencional, onde cada cena fotograficamente bem dirigida tem luz e cor que encantam pela harmonia poética visual. O encanto sonoro é explorado em todos os seus limites, causando sensações de estranheza pelo excesso ou falta de sons e ruídos, que incomodam justamente por não estarmos habituados a prestar atenção neles. Mas, a verdade é que no final tudo se justifica: temos a certeza de que a garota tem uma forma especial de perceber e sentir o mundo a seu redor.

Repleto de conceitos e reflexões acerca do drama vivido pelas protagonistas, o filme adentra ainda mais no comportamento humano ao expor a relação afetiva entre mãe e filha. Trazendo imagens do cotidiano das personagens, acolhendo o espectador com a composição Meu Amor é Teu, de Marcelo Camelo, a construção da cena romantiza esse clima fraternal, confirmando o amor incansável de Joana por Sophia.

Em 15 minutos de curta-metragem, não existe simples imagens jogadas na tela para passar o tempo, mas sim reflexão, conceito, verdade e, acima de tudo, muito amor, som e poesia transformados em cinema de verdade. Produzido na Paraíba em 2013, Sophia foi inspirado em uma história real e vem sendo destaque em diversos festivais nacionais e internacionais, entre eles o Festival Internacional de Curtas de São Paulo e o Curta Taquary. Recentemente, a produção também foi exibida na Cinemateca Francesa, em Paris.

[authorbox authorid=”6″ title=”Sobre o Autor”]