Geralmente é na escola que ouvimos falar pela primeira vez sobre a origem do universo. Lá aprendemos a teoria científica evolucionista, das explosões cósmicas do Big Bang, e também ouvimos falar sobre uma teoria criacionista, que acredita em um agente sobrenatural criador de toda a vida.

Esse “agente sobrenatural”, no entanto, não se resume ao Deus do cristianismo. Cada religião possui sua crença sobre o início da vida. Para o candomblé, religião de matiz africana, o universo e a Terra foram criações dos orixás. A história da origem do universo é retratada no curta de animação Òrun Àiyé, palavras que em iorubá significam o mundo espiritual (Òrun) e o mundo físico (Àiyé).

Dirigido pelas baianas Jamile Coelho e Cintia Maria, a produção de 12 minutos é feita em stop motion. Os orixás são retratos de maneira lúdica a fim de combater preconceitos, a intolerância religiosa e desconstruir estereótipos ligados a religiões de matriz africana.

Os personagens representados são: Olodumaré, ser supremo que estabeleceu a existência do universo; Orunmilá, representante do conhecimento e sabedoria; Oduduwa, irmão de Oxalá na animação; Oxalá, orixá associado à criação dos homens; Nanã, orixá que rege a justiça; e Exú, orixá que representa a comunicação e as ambiguidades do homem.

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Quem narra toda a história é Bira (na voz do historiador Ubitaram Castro de Araújo), um griot (lê-se “griô”), um tipo de contador de histórias encontrado em comunidades de diversos países do continente africano. Em 2015,  Òrun Àiyé recebeu uma Menção Honrosa no Festival Brasil Stop Motion, um dos maiores do gênero na América Latina.

O curta ainda não está disponível online, mas o objetivo é levá-lo ao maior número de escolas. As diretoras trabalham em uma continuação para que Òrun Àiyé vire uma série de filmes de combate à intolerância religiosa.

Jamile e Cintia também comandam iniciativas para o desenvolvimento de novos cineastas afro-brasileiros em Salvador (BA) e criaram o Núcleo Baiano de Animação em Stop Motion, voltado para a promoção do empoderamento social, geração de renda, cidadania e fortalecimento identitário de jovens negros e negras.

Com informações do Por Dentro da África.