O cineasta Gabriel Mascaro comunicou oficialmente que seu filme “Boi Neon” não será candidato na disputa pela indicação do Brasil ao Oscar. A decisão surge em um momento de polêmicas envolvendo a Comissão Especial do Oscar e o filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho.

O diretor disse não se sentir confortável em “participar de um processo seletivo de interesse público que tem demonstrado imparcialidade questionável.” A fala se refere à indicação de Marcos Petrucelli à comissão que escolhe o representante na disputa por uma vaga no Oscar. Petrucelli se manifestou contra Kleber Mendonça Filho devido a seu posicionamento político e criticou “Aquarius” antes mesmo de assistir ao filme.

Na página oficial do Facebook de “Boi Neon”, foi divulgado um comunicado oficial, que diz:

“Decidimos tornar pública a nossa decisão de não submeter o filme BOI NEON à comissão brasileira que indica o representante nacional ao OSCAR 2017. É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, após o seu protesto no tapete vermelho de Cannes. Aquarius foi o único filme latino-americano na competição oficial de Cannes, tendo sido aclamado pela crítica internacional. Diante da gravidade da situação e contrários à criação de precedentes desta ordem, registramos nosso desconforto em participar de um processo seletivo de imparcialidade questionável”

Mascaro, que é pernambucano assim como Mendonça Filho, afirmou ter retirado seu filme da disputa em “solidariedade à recepção politizada de ‘Aquarius'”. “Espero que encoraje outros filmes brasileiros em situação semelhante a pensar a legitimidade do processo”, afirmou à Folha.

Classificação indicativa

Mais um ataque a “Aquarius” veio à tona quando o Ministério da Justiça determinou a classificação indicativa do filme para maiores de 18 anos. A justificativa para tal escolha seriam as cenas de “sexo explícito e drogas”. A distribuidora entrou com recurso, alegando que outros filmes com cenas mais fortes de sexo e uso de drogas tiveram classificação indicava de 16 anos. No entanto, o recurso foi negado.

A título de comparação, “Boi Neon” contém intensas e polêmicas cenas de sexo e recebeu classificação indicativa de 16 anos ao ser lançado no Brasil em 2015. O filme de Mascaro também teve ampla repercussão internacional, tendo sido premiado nos festivais de Toronto, Veneza e do Rio.